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Alimentos com probióticos

Apesar das bactérias geralmente serem associadas a doenças, existem muitas delas que fazem bem ao corpo, especialmente aquelas que vivem no intestino. Essas bactérias compõem a chamada flora intestinal ou microbiota do aparelho digestivo e têm grande importância na manutenção da saúde. Mas, se houver um desequilíbrio nas populações bacterianas, inclusive com aumento de micróbios nocivos, diversas doenças podem se desenvolver. E é aí que entram os alimentos com probióticos.
 

Esses alimentos contêm bactérias reconhecidamente ‘do bem’ e têm sido apontados por estudos como benéficos a quem os utiliza, com resultados que podem estar relacionados a aspectos que vão desde  qualidade da pele até a prevenção de risco de câncer. 

O consumo de alimentos com probióticos do tipo Bifidobacterium, por exemplo, traz evidências fortes, com base em diversos testes clínicos, que comprovam vantagens para o bem-estar intestinal – desde que ingeridos regularmente e em quantidades adequadas. Confira abaixo 10 motivos para inserir de vez os alimentos com probióticos na dieta.

 

1. Favorecem o bom funcionamento do intestino

Se o seu intestino anda devagar, você não está sozinho. De acordo com um estudo realizado em 2015 por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), mais de 25% da população brasileira sofre com constipação intestinal. Felizmente, alguns tipos de probióticos ajudam o intestino a funcionar melhor. 

Cientistas da King's College in London, no Reino Unido, analisaram 14 estudos que observaram pessoas que sofriam de constipação e que começaram a consumir certos tipos de probióticos ou um placebo. Os resultados mostraram que, em média, os produtos repletos de micro-organismos do tipo Bifidobacterium desaceleraram o tempo de trânsito intestinal (o que quer dizer que a digestão se tornou mais saudável), aumentaram o número de evacuações semanais e ajudaram a suavizar as fezes, facilitando sua passagem. 

 

2. Estudo relaciona saúde íntima com ingestão de probióticos

De acordo com pesquisas, os probióticos podem ser eficazes em manter a saúde dos órgãos genitais e urinários. O estudo Efeito da utilização de culturas láticas probióticas na microbiota vaginal de pacientes acometidas por infecções bacterianas e fúngicas, realizado pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (USP), mostrou que o consumo de certos tipos desses produtos leva a quase 90% a taxa de cura de infecções vaginais como a candidíase e a vaginose. 

Os autores da pesquisa afirmam que alguns desses micro-organismos colonizam o trato digestivo e os tecidos que revestem a vagina. Dessa forma, reduzem a ascensão de bactérias do reto para a vulva e aumentam a imunidade da mucosa intestinal.

 

3. Podem auxiliar na perda de peso

Por estarem relacionados diretamente com o funcionamento do intestino, não é uma surpresa que os alimentos com probióticos também possam surtir algum efeito no peso. Após analisarem 25 pesquisas que investigaram o impacto do consumo desses produtos em mais de 1.900 pessoas, cientistas concluíram que esses alimentos contendo determinadas espécies de micro-organismos podem ajudar a reduzir o Índice de Massa Corporal (IMC) e o peso em adultos com sobrepeso. O estudo foi publicado em 2016 no periódico International Journal of Food Sciences and Nutrition. 

Segundo os autores do artigo, os resultados são promissores, já que a redução saudável de peso está ligada a menores riscos de diabetes tipo 2 e hipertensão.

 

4. Estudos relacionam a ingestão de probióticos com menor risco de doenças bucais

Os problemas mais comuns da boca, como a periodontite e a cárie, podem ter relação com a presença de bactérias ruins no intestino. Para combater essas infecções, alguns estudos mostraram que as "irmãs benignas" desses micróbios podem ser úteis.

Uma pesquisa realizada por cientistas da Faculdade de Odontologia e do Instituto de Ciências Biomédicas, ambos da USP, e da Universidade de Queensland, na Austrália, descobriu que certos tipos de probióticos podem impactar na resposta  inflamatória promovida pelo corpo para combater as infecções, ajudando a melhorar o estado da gengiva e de outras regiões bucais. 

Outro estudo, dessa vez realizado por pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade Estadual Paulista (Unesp), revelou que alguns probióticos ainda podem ajudar a combater um dos principais patógenos causadores da cárie. 

 

5. Alimentos com probióticos podem auxiliar na redução do colesterol "ruim" e total

É claro que os alimentos com probióticos não devem ser encarados como substitutos das medicações. Mas uma dose diária de certas espécies desses produtos pode diminuir as moléculas carregadas de colesterol no sangue, assim como o colesterol "ruim" e total, de acordo com um estudo publicado em 2012 no periódico American Heart Association.

A pesquisa envolveu 127 adultos que tinham colesterol alto. Metade tomou bebidas contendo micro-organismos vivos duas vezes por dia enquanto o resto ingeriu um placebo. Ao final do estudo, após nove semanas, os indivíduos que consumiram o probiótico tiveram os níveis de LDL (o colesterol "ruim") 11,6% mais baixos do que o grupo de controle. Além disso, as taxas de colesterol totais reduziram 6,3%. Os níveis de HDL (o colesterol "bom") não sofreram alterações.

 

6. Estudos relacionam ingestão de probioticos e redução de acnes

Não é exatamente uma novidade que algumas dessas bactérias deixam a pele saudável e livre de espinhas. Em 1961, um estudo realizado pelo Union Memorial Hospital de Baltimore, nos Estados Unidos, já analisava a eficácia de determinados probióticos na pele de 300 pessoas. Os resultados foram surpreendentes: 80% apresentaram uma melhora da acne.

Mais tarde, outra pesquisa, publicada pelo periódico Nutrition, revelou que os participantes que ingeriram leite fermentado com probióticos por 12 semanas produziram menos sebo e, por tabela, tiveram menos erupções cutâneas.



7. Têm papel importante na redução do risco de câncer

Por que o câncer surge e como ele é curado ainda são incógnitas para a ciência, mas estudos já revelaram que alguns hábitos podem ajudar no combate a essa doença – e o consumo de certos tipos de probióticos é um deles.

Uma pesquisa publicada no periódico Nature Communications em janeiro de 2018 mostrou que algumas das bactérias "boas" que vivem no intestino inibem a produção de uma proteína ligada ao câncer colorretal. 

Por esse motivo, a ingestão de probióticos tem um papel importante na redução do risco desse tumor maligno.

 

8. Estudos indicam que probióticos podem contribuir para a redução de estresse e ansiedade

O Brasil é o país com maior prevalência de depressão da América Latina e o segundo nas Américas, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, , de acordo com informações do documento Depression and Other Common Mental Disorders, de 2017, da Organização Mundial da Saúde (OMS). O mesmo relatório também aponta que o Brasil tem a maior taxa de transtorno de ansiedade do mundo. Os dado são alarmantes, mas algumas mudanças nos hábitos de vida e até alimentares podem ajudar a reduzir os sintomas da ansiedade e do estresse.

Após realizarem testes em peixes, cientistas da Universidade de Missouri, nos Estados Unidos, revelaram que os probióticos reduzem caminhos metabólicos associados ao estresse e à ansiedade. Isso porque, dizem os autores, algumas espécies das bactérias do intestino alteram a expressão do gene relacionada aos neurotransmissores responsáveis por essas sensações ruins. 

 

9. Contribuem para melhorar a imunidade

Um dos motivos mais tradicionais pelos quais as pessoas amam tanto os probióticos está em seu efeito na imunidade.

Recentemente, um estudo publicado no periódico Immunity explicou que a relação entre o sistema imune e esses micro-organismos é na base do susto. Segundo os pesquisadores, a chegada dessas bactérias no intestino desperta as células de defesa, que ainda não têm certeza se essas bactérias são do bem ou não. 

É por isso que o consumo de determinados tipos de probióticos pode ajudar a manter o sistema imunológico funcionando contra qualquer invasor que possa chegar nesse meio tempo. 

 

10. Estudo demonstrou que probióticos podem beneficiar a memória de pessoas com Alzheimer 

Em 2016, pela primeira vez, a ciência revelou que os probióticos podem melhorar a função cognitiva em humanos. Publicado no periódico Frontiers in Neuroscience, o estudo descobriu que uma dose diária de alguns tipos desses micróbios vivos promove melhoras significativas na memória e no funcionamento cerebral de pessoas com Alzheimer em apenas 12 semanas.

De acordo com os pesquisadores, o impacto dessas bactérias no metabolismo pode ser um dos responsáveis por seu efeito em doenças neurológicas.

Fontes:
Prevalência da constipação: https://www.revistas.usp.br/reeusp/article/view/103228
Estudo intestino: https://academic.oup.com/ajcn/article/100/4/1075/4576460
Doença de chron: http://www.unicamp.br/unicamp/unicamp_hoje/ju/julho2010/ju468pdf/Pag04.pdf
Infecções vaginais: http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/60/60135/tde-16122008-154154/pt-br.php
Peso: https://www.sciencedaily.com/releases/2016/07/160711092643.htm
Carie: http://www.bv.fapesp.br/pt/bolsas/112642/desenvolvimento-de-uma-goma-de-mascar-anticariogenica-contendo-microrganismo-probiotico-microencapsu/
Boca: http://www5.usp.br/106523/probioticos-podem-ajudar-na-prevencao-da-candidiase-oral/
Colesterol: https://www.sciencedaily.com/releases/2012/11/121105114620.htm
Cancer: https://www.nature.com/articles/s41467-017-02651-5
Ansiedade: https://www.sciencedaily.com/releases/2016/11/161121160038.htm
Alzheimer: https://www.sciencedaily.com/releases/2016/11/161110162840.htm
Sistema imune: https://www.cell.com/immunity/fulltext/S1074-7613(18)30245-0
Pele: https://www.nutritionjrnl.com/article/S0899-9007(10)00169-3/fulltext
OMS–Rankingdepressão: http://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/254610/WHO-MSD-MER-2017.2-eng.pdf;jsessionid=E6D1955C653843BF1B913C91335736F0?sequence=1